DE COMO NÃO FRUSTRAR AS ESPERANÇAS
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Muitos leitores têm-me chamado a atenção para o fato de que as notícias sobre o ensino nas escolas do governo, veiculadas na mídia ao decorrer deste ano (2011) , só se referem ou dão destaque aos aspectos medíocres e a resultados malsucedidos, havendo implícita nesta apreciação, ao que percebo, uma perguntinha: - será que algo de bom não foi realizado?
É bom esclarecer que a imprensa dá a notícia do fato que acontece. Não o inventa. E o acontecimento, apresenta-o com a redação que lhe parece ser atraente ao leitor. Não tenhamos dúvida de que algo de bom tenha sido realizado, mas em percentual diminuto, a ponto de não se tornar uma evidência para grandes espaços..
Também estejamos certos de que a crítica à educação pública não tem sido feita para desestimular. Para afastar das tentativas do acerto. Ao reverso disto. Trata-se de uma forma de contribuir para as soluções, pois é preciso diagnosticar o mal, para, a partir daí, ser oferecido o medicamento na dose certa e no tempo devido, para o êxito da cura.
Aliás, reparando bem, a crítica tem sido por demais benevolente com a morosidade no encontrar dos novos caminhos para a melhoria da qualidade da educação, e até omissa, no que diz respeito à punição aos que permitiram nossa educação pública descer ao piso a que desceu, perante a conceituação internacional.
Outro dia, o Diário de Pernambuco – “jornal mais antigo em circulação na América Latina” – preencheu quase todo o espaço de sua 1ª página com a seguinte manchete: “EM CADA CINCO PESSOAS, UMA NÃO CONSEGUE LER ESTE JORNAL”. Por que? Por que não dispõe de meios financeiros para adquirir o exemplar? Por que odeia ler jornal? Nada disto. Simplesmente porque é uma pessoa analfabeta. Não lhe ensinaram a ler.
Mais de 19 milhões de jovens e adultos analfabetos.(E não estamos falando de analfabetos funcionais (39 milhões), nem os incluindo na manchete). Mais de 19 milhões de pessoas em que frustraram seus sonhos e lhe mataram as esperanças. Ora se “a vida é uma oficina de sonhos”,como ensinava Calderon de la Barca , então, quando falamos de analfabetos, chegamos, com o coração atordoado, aos versos de Castro Alves: são eles “mortos entre os vivos a vagar na terra”. Para reflexão: se o tirar de uma vida (e a vida é um bem que se não deve tirar) custa dezenas de anos de prisão ao malfazejo, qual a punição aos que matam os sonhos e as esperanças de 19 milhões de pessoas?
Os pontos que merecem reparo (e não são poucos) têm sido evidenciados nesta boa hora,em que tramita, na Câmara dos Deputados, projeto de lei sobre o PNE – Plano Nacional de Educação, diretrizes para um decênio que terminaria em 2020, mas que já perdeu um ano, dado que começaria sua vigência em 2011. Metas e meios que precisam de esclarecimentos e de acréscimos, de discussão popular, não somente no Congresso, mas também no seio da sociedade brasileira. É preciso ancorar esse Plano a uma lei conseqüente que estabeleça a responsabilidade educacional (instituindo punição para os omissos), do contrário o PNE vai ser apenas uma linda carta de intenções.
Desejo registrar que a maçonaria está atenta a estes justos reclamos pela melhoria de qualidade da educação pública brasileira e tem realizado fóruns, debates e assembléias gerais a esse respeito em vários pontos do Brasil, formulando sugestões que chegaram aos legisladores que trabalham o Plano no Congresso Nacional. Está convencida de que sem a educação não será possível alavancar a prosperidade de nosso País, como também entende ser a sua posse um tônico que impedirá a frustração dos sonhos e a exaustão das esperanças.
(Informabim 299 B)
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
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