sexta-feira, 21 de maio de 2010

INFORMABIM 261 A e B


“A César o que é de César”, mas a Hipólito ...

Irm Antônio do Carmo Ferreira

       A mídia destes últimos dias tem sido benevolente com Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, apontando suas qualidades como jornalista. Nada, este articulista tem a reclamar a tal respeito. Ao contrário, “só tem a exaltar” e a se engajar nesse movimento que reconhece o mérito desse admirável comunicador.
       Contudo pede licença à paciência do leitor para acrescentar outras informações pertinentes à vida de Hipólito, na condição de Maçom, posição que, nada obstante lhe ter sido gloriosa, ensejou-lhe três anos de cárcere, em Portugal, por ordens da “inquisição” , obra da santa madre igreja que tirou, de inúmeras pessoas, a vida que foi dada por Deus.
       As referências recentes a que os jornais se reportam dizem respeito ao fato de que “o nome do jornalista Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça finalmente foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília, por decisão do Senado”.
       Hipólito da Costa fundou o Correio Braziliense, e o editou, em Londres, a partir de 1808. Através desse jornal associou-se ao movimento da independência do Brasil, como também aí lançou idéias que contemplavam a abolição da escravatura. Ao mesmo tempo em que sugeria se abrisse a nossa economia à mão de obra estrangeira.
       O Correio Braziliense era seu veículo de divulgação em favor da liberdade de expressão e do fim da censura à imprensa. Esse periódico é considerado o primeiro jornal brasileiro. Ainda por intermédio dele, Hipólito da Costa teve a oportunidade de justificar a importância da transferência da Capital do Brasil para o interior. O Correio Braziliense encerrou as atividades com a morte de seu fundador em 1823.
       Desejo acrescentar passagens da vida de Hipólito da Costa - nascido em 13.08.1774, na Colônia do Sacramento, e falecido a 11.09.1823, em Kinsington - como integrante da Maçonaria, na qual “foi iniciado através da Loja Washington nº 59, de Filadélfia, na Pensilvânia (U.S.), a 2 de março de 1799.”(José Castellani). Desde 1798 ele se encontrava nos Estados Unidos como delegado brasileiro para estudar questões econômicas relacionadas com o desenvolvimento material do Brasil. Em 1802, foi preso em Lisboa, onde padeceu os horrores da Inquisição por ser denunciado como maçom. Nenhuma informação, por menor que fosse, porém, seus torturadores lhe arrancaram, como delação de seus irmãos maçons. Em 1805, conseguiu fugir para Londres, onde viveu, custeando suas despesas com o exercício do magistério ou fazendo traduções.
       “Em março de 1808, em Londres, entrou para a Loja Antiquity, [ ...] Foi Secretário de Assuntos do Exterior do Freemason´s Hall e Grão-Mestre da província de Rutland [...] Em 1812, Hipólito iniciou na Maçonaria Domingos José Martins que viria a ser o Chefe da Revolução Pernambucana de 1817.”(José Castellani) Durante sua permanência em Londres, Hipólito fez amizade com o conde de Sussex, filho de Gustavo III. O conde era membro da Maçonaria e integrava o mais alto colegiado da direção da Ordem na Inglaterra. Graças a essa amizade é que Hipólito não foi expulso da Inglaterra, embora isto fosse vontade e solicitação da Corte no Rio de Janeiro.
       O Senado merece ser louvado pela decisão de inscrever o nome de Hipólito José da Costa no Livro dos Heróis da Pátria, como fizera recentemente honrando o maçom Frei Caneca, pois Hipólito “foi um dos maiores nomes de nossa história e o único que teve que enfrentar os pavores da infame Inquisição, por pertencer à Maçonaria, que lhe deu o ideal de lutar por um Brasil livre.”(José Castellani)
       Com este gesto dos senadores, lembrou-se do conselho do Divino Mestre. Se era obrigação dá-se “a César o que era de César”, nestes dias fez-se justiça, embora que tardiamente, dando-se a Hipólito o que era merecido por Hipólito.

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