COMO NA CANTIGA DA PERUA
Irm Antônio do Carmo Ferreira
Na consciência de cada um de nós está acesa a lamparina da responsabilidade para com os filhos, netos, todos os descendentes enfim. Nosso labor deverá ter essa direção, a construção de um futuro para nossos pósteros melhor que o que nos foi legado. A idéia do “pensamento pensante” reportada na filosofia hegeliana. Receber o conhecimento transmitido pela geração passada, apreendê-lo, mas submetê-lo à crítica, dar-lhe um novo modelo, adequado ao porvir. Talvez seja ele apenas uma inspiração ao que se não deva legar. Pelo que se percebe, as gerações do amanhã se recusarão a ser os recipiendários da “simples transmissão da herança dos antepassados”. Eles decerto aguardarão o “novo” gestado agora, resultando da “ruptura com o velho”. É bom manter a lamparina bem acesa, porque nossa geração será julgada no tribunal do amanhã segundo nossa ação ou omissão.
Um mundo melhor é a aspiração de todos. Tal desejo sempre foi o sonho da humanidade. Das gerações que já passaram, como o é de nossa geração, porque há o entendimento de que o ser humano é nascido para as coisas excelentes,“para as coisas melhores”. Se era bom para o passado e para o presente, como não ser para o futuro? O progresso será o caminho. Mas não se conhece progresso advindo da partenogênese. Nem também do ócio. É preciso muita transpiração no seu fazimento. Esse “maná” não mais virá do céu para ser colhido ao amanhecer. Esse presentão não se repetirá. Foi uma exceção. A regra será a adâmica, ele provirá do “suor do rosto”, da dedicação, do esforço, do atendimento às exigências desse novo tempo.
Então o progresso é sinônimo perfeito de educação. É uma opção. Trocar o nada pelo tudo. A ignorância pelo saber. O vício pela virtude. A mendicância pelo bem estar. Mas nenhum povo evoluiu, senão de mãos dadas com a educação. A nação que a priorizou, está aí com a sua gente dispondo de meios aprazíveis para a sobrevivência e o bem estar. Neste sentido quero lembrar a Finlândia, Singapura, a Coréia do Sul que não levaram mais de uma década para se tornarem grandes potências, face aos vultosos investimentos que fizeram no setor educacional. Nenhum país se tornou desenvolvido com educação subdesenvolvida.
Sabidos esses pressupostos, co-mo se sentirá o povo brasileiro com re-lação a seu futuro, do qual mais se afas-ta, empurrado por uma educação que desanda ? Em educação, o Brasil “anda pra trás”, é o que divulga, em comuni-cado recente, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais. Fico muito triste em repassar isto, mas cumpro o meu dever de acordar os que dormem num instante como este.
“Os números do ensino médio não surpreendem. [ ...] as taxas de reprovação mostram que o Brasil anda para trás. Em 2011, bateu o recorde dos últimos 13 anos [ ... ] O cúmulo do atraso escolar coube à rede municipal do [...], onde 62,5% dos alunos matriculados não obtiveram nota mínima para passar de ano. No século 21,o Brasil não acompanhou os avanços exigidos pela sociedade da informação no mundo globalizado. Janelas de oportunidade se abrem, mas os brasileiros ficam à margem por falta de qualificação.”
A educação é um direito de to-dos, proporcioná-la é um dever da Família e do Estado, assim estabelece a CF em seu artigo 205. Mas nós estamos com o Plano Nacional de Educação, na Câmara dos Deputados desde novembro de 2010, quando a sua vigência prevista era 2011 a 2020. Já estamos na metade de 2012 e o plano decenal da educação adormecido nas gavetas do Parlamento. Pra lamento !. E a educação pública, sendo a representação sonora “de pior a pior” como na cantiga da perua.
(Informabim 310 B)
quinta-feira, 21 de junho de 2012
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