A BIBLIOTECA, O LIVRO E A LEITURA
Ir.: Antônio do Carmo Ferreira
Muito nos alegra constatar a existência de certo esforço, no sentido de levar as pessoas a amarem o livro, lendo-o e usufruindo, por esta via, dos benefícios que nele estão entesourados. Sempre se creditou ao livro o papel de depositário do conhecimento e condutor do mesmo, através do tempo e do espaço. Têm razão os versinhos que ensinam ser o livro aberto “um cérebro que fala” e, quando “fechado, uma alma que espera”. O esforço pelo hábito da leitura de livros, agora, toma vulto.
Não precisa jejuar, nem fazer retiro no deserto, para concluir que dos instru-mentos de que o homem se vale para o exercício da vida, o livro é que detém a maior marca de utilidades. Enquanto os poderosos telescópios são extensões da vista; as espaçonaves, extensão das pernas; o telefone, extensão da voz; o arado, extensão do braço. Instrumentos, sem dúvida, vali-osíssimos. Mas, reparando bem, extensão do corpo. O livro é muito mais, indo além dos landmarks, porque é ele “extensão da memória e da imaginação.”
O mundo produtor e leitor de livros tomou um susto com o advento da Internet. Parecia ser a aposentadoria do “audaz guer-reiro”. O livro, contudo, nem ligou para isto. Ao longo de sua história, tem sabido reagir e sobreviver, adequando-se ao espírito de cada tempo. O livro já teve forma oral. A Ilíade e a Odisséia são provas disto. Passaram de geração em geração boca ouvido, até que, surgindo o uso do papiro, foram gravados aí em manuscrito. Esta já era uma maneira evoluída dos registros feitos em argila.
Deve-se, contudo, a Gutemberg o grande salto, a partir de 1474, quando se deu a descoberta da imprensa. Estava garantida, para sempre, a sobrevivência do livro, com esta forma impressa que conhecemos, utilizamos e nos beneficiamos.
Em artigo que publiquei recen-temente, fiz comentário a respeito de lei federal (nº 12.244, DOU de 24.05.2010) que obriga, em dez anos, todas as escolas do País terem uma biblioteca. E a quantidade de títulos não poderá ser inferior à quantidade de alunos matriculados. Minha alegria, apesar da longa espera de uma década, era ver o estabelecimento desta obrigatoriedade, mas não só a obrigação, senão também a observação de que as bibliotecas não se tornassem depósitos de livros. Naquele dispositivo legal também se condicionava a existência do funcionário motivador da leitura.
Temos hoje cerca de 190 milhões de brasileiros. Pesquisa recente da CBL – Câmara Brasileira do Livro – dá conta de que, desta população, 61% dos adultos alfabetizados têm pouco contato com livros. Certamente, uns porque não dispõem de meios financeiros com que possa comprar livros; outros porque não tiveram o estímulo para formar o hábito de leitura e do conseqüente benefício que, por este intermédio, o livro proporciona.
É preciso, pois, por razões óbvias, que se desenvolva uma política de fomento à leitura. Daí minha alegria com a lei das bibliotecas e com elas a presença do funcionário que tenha a atribuição de despertar o desejo de ler, decerto uma louvável con-tribuição à formação e exercício da cidadania. Que o hábito da leitura seja um prazer.
Quero ressaltar que a Maçonaria brasileira merece uma consideração especial neste quesito das bibliotecas e do fomento à leitura. A editora maçônica A TROLHA, situada em Londrina, no Paraná, aqui tomada como exemplo, mas existem muitas outras editoras da mesma especialidade no Brasil, publica um título em cada mês. Livros dirigidos para maçons é bem verdade, mas vendidos a custo de fatores (sem lucro), através do Círculo do Livro Maçônico. Portanto a preços muito pequenos. Isto se revela um estímulo à constituição das bibliotecas em cada Loja e sobretudo um convite à leitura de livros que trazem assuntos do indispensável interesse do maçom e de sua formação como construtor social.
sábado, 3 de julho de 2010
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