sexta-feira, 2 de abril de 2010

INFORMABIM 257 B

RESPONSABILIDADE SOCIAL DOS MAÇONS

Irm Antônio do Carmo Ferreira

A responsabilidade social dos maçons sempre foi um consenso. Estava na mente de todos a existência deste compromisso. Na própria definição da Ordem estão em relevo os vocábulos da iniciação e da filantropia,
tendo a ver respectivamente com a formação do construtor social e o exercício de sua função. Mas a convocação para isto em princípio era latente. Havia na consciência, e se revelava em “cartas” que se escreviam ao cabo das grandes assembléias. Eram mais uma confirmação de fé nos ideais da Ordem. Estavam na ata, passavam aos anais e, de quando em vez, se publicavam.

Em nossos dias, há um clamor. Esgarçado o tecido social e enfermo como se encontra, de todos os pontos do País vem o grito de socorro. O chamamento. A convocação. Parece que o governo se tornou impotente para, somente com a sua força, alavancar o processo de bem estar. A responsabilidade social tornou-se, por conseqüência, um compromisso de todos e de cada um.

Todavia os maçons, mais que qualquer outro cidadão, têm ouvido este pedido de socorro. Este chamamento para a grande e difícil cruzada de sanear os costumes, acudir na reformulação do viver, intervir na reconstrução da sociedade. Devemos agradecer a confiança, contudo não esquecendo de alertar para o fato de que todos os brasileiros são responsáveis pelo começar, agora mesmo, desta reconstrução. Do indivíduo e da coletividade.

A vida é uma dádiva de Deus. Mas não nos chega prontinha. Como uma árvore com seus ramos prenhes de “pomos dourados”, prontos ao consumo. A vida nos veio para ser feita. Com uma fabulosa vantagem. Pois ela veio para ser feita, mas vieram todos os ingredientes para a sua construção, inclusive e sobretudo a liberdade à opção.

A escola filosófica de Madri deu curso neste sentido, falando que o “eu” se completa com a “circunstância”, integrantes desta o “mundo” e as “coisas”. “A vida, portanto, é algo que temos que fazer” a começar pelo próprio “eu” a que devo conhecer.

O historiador e filósofo Julian Marias encontra raízes, deste entendimento da pré-cedência no me conhecer, nas “Confissões”, como escreveu: “Santo Agostinho pede ao homem que entre na interioridade de sua mente para encontrar-se a si mesmo e a Deus. Ele encontra-se com largueza na interioridade de seu próprio eu e isto o conduz à afirmação do eu como critério supremo de certeza, numa forma próxima do “cogito” cartesiano”.

Enfatizado o eu, a “circunstância” a que se reporta o filósofo de Madri que tem a ver com este laboratório? O pressuposto é que “a circunstância” seja a presença de “mundo” e “coisas”. O “fazer” da vida carecerá de tais ingredientes. O “mundo”, com tudo que lhe é pertinente inclusive o “próximo”, é o palco em que devo me apresentar; e as “coisas”, tudo de que irei dispor e poderá ser utilizado, conforme o destino da vida a fazer. Pois “viver é estar no mundo, atuar nele, e estar fazendo algo com as coisas”.

Entendo que o maçom tem sido chamado para a reconstrução social, pela informação que chega ao público de sua formação destinada à liderança e pelo exemplo de dignidade com que se revela no seio da comunidade. Formação compro-metida não somente consigo mesmo, mas também e como parte prática com o “amor ao próximo”.

Aos chamamentos que têm vindo de todos os cantos, o maçom não pode ser indiferente.. Pois há uma nobreza na atenção que vai ao encontro da realização de sua vida. Faltar a um chamamento assim é um perjúrio, conforme rezam os rituais. E o atendimento, um lindo ornamento para vida vista como “um retorno à casa do Pai”.

Também não devemos esquecer de que o maçom é parte da comunidade, a circunstância que acena por seus préstimos, como que a lembrar que “eu sou eu e a minha circunstância, e se eu não salvo a ela, não me salvo a mim.”

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