quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

INFORMABIM 444 (A e B)





LIÇÕES DE UM ENCONTRO INESQUECÍVEL
Irm Antônio do Carmo Ferreira


Tive a satisfação de conhecer Dom Edvard Robson Cavalcanti, bispo da Igreja Anglicana, ligada à Cantuária, que residiu em Olinda, mas muito andado em todo o mundo de meu Deus, com demoras na Inglaterra e nos Estados Unidos. Antes de conhecer, pessoalmente, Sua Excelência Reverendíssima, sabia por intermédio de amigos dele e meus, de seu conhecimento a respeito da maçonaria e das referências elogiosas que permeavam sua fala, quando tratava da Ordem. Foram essas notícias que mais me aguçaram o desejo de conhecê-lo e, confesso, tive muitas alegrias com essa aproximação.
Era um mês de dezembro, já na segunda quinzena. Nesse tempo a maçonaria costuma colocar em recesso as suas atividades templárias, marcando o início com uma sessão magna pública, para agradecer à colaboração recebida e o êxito alcançado em função desse apoio, seja dos irmãos, seja dos amigos, e estreitar laços de amizade com a comunidade em que a Loja Maçônica funciona. Naquele ano, resolvemos tornar pública nossa admiração àquele Bispo pela boa e merecida imagem que ele passava quanto à nossa Ordem. E o convidamos a participar de nossa Sessão Pública.
O grande salão de espera estava feericamente iluminado e ornamentado de pequenos pinheiros dispostos formando um corredor  que adiante se bifurcava, parte levando ao 1º andar, onde se daria a sessão, e outra parte demandando o fundo do salão, onde se havia armado um Presépio, revelando grande bom gosto de seus artífices. Sua Excelência Reverendíssima tomou o rumo do Presépio e, vis-a-vis, ali permaneceu, contemplando-o por muitos minutos.
  Antes da Sessão, já no 1º andar, disse-me haver tido naquela noite a grande alegria de ver homenageado quem deveria ser homenageado nesse tempo – Jesus nascido. Seu dia tinha sido cansativo de ver tanto comércio: papai-noel, pinheiros, bebidas... e quase nada tratando do nascimento do Filho de Deus, de quem deveriam ser as Boas Festas, de modo que o Presépio armado em lugar evidente, tão arejado, destacado, com aromas tão agradáveis, tudo isto o deixara “contente e satisfeito”. Contente e satisfeito fico eu, Excelência, respondi-lhe. E acrescentei palavras do Evangelho segundo Lucas: “Os loquitur ex abundantia cordis” – ao que ele confirmou: The mouth speaks about what the heart is full - a boca fala do que está cheio o coração.(Lucas 6, 45)
Após a reunião, fui conferir o que me havia dito o Dom Robson. Tudo arejado, pintura renovada, clima de aromas agradáveis ... sinais de um tempo de muitas alegrias, como se se esperasse um herói, triunfantemente herói ... E, então, estive a meditar. Essa é também e sobretudo a oportunidade da retirada dos entulhos de nossos corações, onde se deve erigir o Grande Presépio. Não importa, por maior que seja, o esforço na limpeza do espaço e sua renovação. Valem a queda dos muros, o perdão às ofensas, a construção de pontes, o amor ao próximo, com que se ornamentem os corações, onde neles, a partir daí, esteja o Filho de Deus. “No coração da pessoa de bem está o tesouro da bondade”, como se reportava Lucas em seu Evangelho.
Dom  Robson Cavalcanti já não está entre nós. Ficou a saudade infinda!
Nota do Editor: Na edição 445 deste informativo, será publicado artigo de Mendonça Filho, Ministro da Educação

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