quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

INFORMABIM 427 (A e B)



 “NÃO VERÁS NENHUM PAÍS COMO ESTE!”
Irm Antônio do Carmo Ferreira


           Faz alguns meses, a mídia noticiou que habitantes de três estados da região meridional realizaram um plebiscito sobre as possibilidades de se separarem do Brasil, constituindo  um novo país. O resultado foi favorável com a aprovação de 95,74% dos 616.917 votantes, distribuídos em cerca de 500 municípios das três unidades da federação. Os coordenadores da consulta esperavam o comparecimento de um milhão de pessoas, não chegaram a tantos, mas alegaram remeter esse resultado à ONU para sua apreciação.(www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/apos-20-anos... e ormnews.com.br/noticia/ estados-do-sul-fazem-plebiscito-para-se-separar-do-brasil). 
A história registra esses anseios de fragmentação do nosso território ocorridos em outros momentos, às vezes movidos por forças externas, às vezes fomentados pela população local. Somente uma, porém, resultando positiva, como foi o caso da Província Cisplatina, que se separou do Brasil e se tornou a república do Uruguai.
Antes, aconteceram  duas tentativas fortemente organizadas, ocupando os territórios do Rio de Janeiro  e de Pernambuco. A primeira por interesses franceses e a segunda, mais vigorosa e demorada, a ocupação holandesa, deixando marcas que o passar do tempo não tem conseguido apagar.
A Revolução Farroupilha/República de Piratini, durante a regência do Império exercida pelo Padre Feijó, é exemplo de tentativa separatista que encontrou apoio na população local. Como foi o caso da Confederação do Equador, com um movimento iniciado em julho de 1824, em Pernambuco, tendo Paes de Andrade como Presidente, e Frei Caneca, que escreveu seu ideário, sendo um dos seus principais ativistas.
O experiente Frei Caneca vinha da Revolução Republicana de 1817, em que os nativos pugnaram por uma pátria para os brasileiros, tirando o Brasil da condição de colônia, separando-o de Portugal, resultado que se alcançou em setembro de 1822.
Mas em 1824, o objetivo inicial migrou para a separação de três províncias, constituindo-se na Confederação do Equador. E isto, reparando bem, contrariava a pregação pernambucana de uma só língua e de um só território para o Brasil, afirmações alicerçadas na pós-expulsão dos holandeses, quando havia clima favorável a uma independência de Pernambuco, pois que lutara sozinho e se livrara da presença invasora, mesmo contra a vontade então declarada de Lisboa.
A coroa puniu Pernambuco, mandando matar os líderes da Confederação do Equador, entre eles o Frei Caneca,em 13 de janeiro de 1825,  e desmembrando grande parte de seu território – a Comarca do São Francisco, até hoje integrando o estado da Bahia.
Esses movimentos de conotação separatista estão registrados na História do Brasil e se deram, quase todos, ao tempo dos embates sobre a consolidação de nossa Independência, com o sacrifício de muitas vidas dos que se colocavam em sentido divergente. Conforta-nos, em nossos dias, como reza o artigo primeiro de nossa Carta Magna – sermos “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal ...”
Agora, se por algum motivo contrariado ou postulações não atendidas, alguém entender que melhor lhe seria confrontar a “união indissolúvel”, levando um pedaço do Brasil, que tal, antes da decisão, reler “A Pátria”, poema de Olavo Bilac, em que o Príncipe dos Poetas aconselha:


“Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este !”


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