quarta-feira, 4 de maio de 2011

INFORMABIM 285 A e B

O OLHO DO FAZENDEIRO . . .

Irm Antônio do Carmo Ferreira



Há quem entenda ter causado surpresa ao po-vo a notícia recente de que se tornará neces-sária a importação de mão de obra para suprir a demanda que decorre da aceleração do desenvolvimento econômico de nosso País. Serão milhões de empregos no Brasil, sem que aos mesmos os brasileiros possam ter acesso. E por que este constrangimento? Porque durante décadas estivemos a privilegiar a formação acadêmica direcionada para o setor terciário, mesmo sabendo de sua saturação, em detrimento da formação técnica e profissionalizante. É o próprio Ministério da Educação que registra essa destinação ao bacharelismo, esquecendo-se do amparo ao desenvolvimento da vocação técnica. Hoje, constata-se a proporção de 6 matrículas em cursos superiores contra 1 matrícula no ensino técnico.

Devem ter sido informações desta ordem que influenciaram a Presidente da República a, recentemente, acrescentar em seu plano de governo, no setor educacional, o “programa nacional de acesso ao ensino técnico e ao emprego”, com a sigla Pronatec, através do qual, e como é obvio, procura ensejar as soluções, para este desafio decorrente do crescimento de nossa economia. Em linhas gerais, o mecanismo oferecido contempla (a) a geração de mais escolas técnicas; (b) a convocação de mais professores e especialistas; (c) e a abertura de nova linha de financiamento. A notícia é de que já se encontram em implantação 81 escolas técnicas e o programa acrescenta a construção de mais 120 unidades. O governo federal autorizou, e isto já circula através da mídia impressa, a abertura de 4683 vagas para institutos de educação, ciência e tecnologia, sendo 2867 para o cargo de professor. Além disto, propõe-se o governo a rever o FIES, programa de financiamento aos estudantes, que hoje serve apenas aos de curso superior, e com a revisão, será também direcionado para atender ao estudante de nível médio profissionalizante.

Esta decisão governamental motiva alegria e credibilidade, porque vai ao encontro dos anseios do povo – mais educação e mais possibilidades de emprego e renda – e torna evidente o resgate do compromisso de acelerar o desenvolvimento do Brasil, ora tentando suprir a carência de recursos humanos especializados.

Todavia não é por todos esses acenos e anunciações que o povo pode sentar-se à beira da estrada e, ao soprar da brisa, aguardar que tudo aconteça, como se tudo viesse, ao alvorecer, qual maná encontrado no deserto nos tempos mosaicos. Todos nós – indivíduos e associações - temos que participar. Cada um com as suas possibilidades, é claro.

Neste mês, só para citar um exemplo, a Maçonaria, no exercício de seu nobre papel de combatente da ignorância, realizou em São Paulo um “encontro nacional” – o XVI – do qual fizerem parte os pesquisadores, escritores, acadêmicos, historiadores e jornalistas. A cultura maçônica ali reunida, após examinar os “desafios de nosso tempo”, expediu um manifesto à Nação em favor da melhoria da qualidade da educação, no qual põe em destaque a erradicação do analfabetismo e a construção de uma nova vertente para a universidade e o ensino profissionalizante. O manifesto, denominado Carta de São Paulo, foi entregue ao Senador Sarney – Presidente do Congresso Nacional, onde ora se encontra em tramitação o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011 a 2020.

Mas não é só a Maçonaria que deve acompanhar a formulação do Plano e sua tramitação. É preciso que todos participem, pois este assunto da educação é grande demais, para ser cuidado apenas pelo Governo. A erradicação da pobreza no Brasil resultará desse caminho, como não haverá outra via para o progresso e o bem estar, como não houve para nenhuma outra nação, senão esta da educação de seu povo. O que se diz e o que se sabe é que os recursos financeiros destinados a esses programas são suficientes. Então é preciso “vigiar”, cobrando-se a efetiva presença do povo no acompanhamento de sua aplicação e dos resultados, pois, conforme adverte a sabedoria popular, sem “o olho do fazendeiro” não se “ engorda o rebanho”.

(Informabim 285 B)