sábado, 9 de fevereiro de 2019

Por uma escola atraente
Mozart Neves Ramos*

 Apesar de gratuita, a escola não consegue ser atrativa para nossos alunos. O País tem hoje 2,5 milhões de crianças e jovens que não estudam na faixa etária de 4 a 17 anos, período que vai da pré-escola ao ensino médio. Os alunos querem uma escola que caiba na vida, que dialogue com seu mundo, e hoje, infelizmente, isso não acontece na maioria das escolas brasileiras. Os novos tempos exigem um novo conceito de educação, capaz de levar os alunos ao limite de suas potencialida-des , preparando-os para um mundo ada vez mais globalizado e de freqüentes descontinuidades tecnológicas. Isso exige uma escola que os ensine a se adaptar ao novo, a experimentar e a não ter medo de errar – e só inova quem tem a possibilidade ao erro.
O País precisa oferecer uma escola que seja capaz de preparar o aluno para a vida. Isso implica numa escola capaz de desenvolver plenamente nossas crianças e nossos jovens. Estamos falando, portanto, de uma escola de educação integral, e preferencialmente em tempo integral. Se a escola é boa, é prazeroso passar o dia na escola; mas se é chata, isso representa um verdadeiro martírio para os alunos.
Felizmente, hoje existem alguns exemplos no Brasil, embora ainda numa escala pequena frente à demanda. Aqui em Pernambuco, a maioria das escolas de referência de ensino médio em tempo integral são um belo exemplo. Por essa razão, a rede estadual de ensino médio de
Pernambuco é considerada a de maior



atratividade do País, com a menor taxa de abandono escolar. Segundo estudo feito em conjunto pelo Instituto Ayrton Senna, Fundação Brava, Instituto Unibanco e Insper, o abandono do jovem implica também no aumento do custo social, já que o aluno que sai da escola prematuramente tem mais chance de se envolver com violência e maior probabilidade de usar drogas.
Outro belo exemplo, aplicado em escolas de ensino médio de tempo integral nos Estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, foi aquele desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com as respectivas Secretarias de Educação. Trata-se de uma concepção contemporânea de educação integral, que promove a formação plena do aluno e desenvolve competências cognitivas de forma integrada com aquelas socioemocionais, tais como colaboração, criatividade, pensamento crítico, comunicação e responsabilidade. Como resultado, os alunos gostam da escola e, assim, conseguem realmente aprender – prova disso é o desempenho cerca de 50% superior à média da rede, combinado com baixíssimos índices de evasão escolar.
O desafio agora é levar esses modelos de educação integral para todas as escolas brasileiras, de ensino fundamental e de ensino médio, de tempo integral ou não.
*) Mozart Neves Ramos foi reitor da UFPE e secretário de Educação do estado de Pernambuco. Atualmente é diretor do Instituto Ayrton Senna. É mestre maçom.

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