sexta-feira, 6 de abril de 2012

INFORMABIM 307 A e B

Mensagem do Grão-Mestre Antônio do Carmo Ferreira lida após a assinatura do Tratado de Amizade e de Mútuo Reconhecimento do Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco no Brasil com o GOIPE, em 17/03/ 2012.


Respeitáveis Irmãos!


Permitam-me enviar cumprimentos ao Ir João Guilherme Ribeiro, em face de seu aniversário natalício que hoje, transcorre.E à Loja Maçônica “Barão do Rio Branco nº 03”, cujo aniversário de fundação amanhã se comemora.


A maior parte de minha atividade maçônica tem sido desenvolvida no sentido de aproximar os homens. De torná-los “próximos”, irmãos, fraternos. Mas não se credite a origem deste ofício à Arte Real. Dispus-me a isto desde os tempos de minha formação sacerdotal. Nas incursões pelas Sagradas Escrituras, onde ensina o profeta Isaías que “só aos ímpios é impossível a convivência pacífica”, como exaltava David em Salmos que o “bom e o agradável só acontecem com os irmãos vivendo em estado de união”, do mesmo modo como João evangelizava ensinamentos do Cristo Jesus para que “todos fossem somente um”.

Naqueles tempos de Seminário, exaltava-se o século XVI, como tendo sido uma centúria muito importante para a humanidade. Fora o tempo dos descobrimentos marítimos sobretudo portugueses. O século da Náutica. Tempo em que o Mar teria ficado mais salgado, em virtude do sal de tantas lágrimas das viúvas e órfãos dos marines portucalenses, náufragos naquelas andanças, conforme as invenções do poeta.

Mas a sua importância e transcendência, todos sabíamos, não residiam no alargamento dos domínios lusos até a Índia, incluindo de passagem, a África e a Terra de Santa Cruz. Pois que antes do império, estava a Fé.

O que importava, primeiro, era salvar o gentio. E Camões o disse sem meias palavras, em Os Lusíadas, no 3º verso da 2ª estrofe do Canto Primeiro: “E também as memórias gloriosas “Daqueles reis que foram dilatando “A Fé, o Império, e as terras viciosas”

Como se constata: A “fé” antes do “império”. O espiritual prevalecente ao material. O cuidado com o homem todo, não só antropocêntrico, mas, diferentemente, no que também é eterno, e por isto está comprometido com a Criação, a obra do Grande Arquiteto do Universo.

Para apreensão nossa, o cenário agora mudou. Desde o Século passado, outro motivo passou a ser o destaque na história da humanidade. Olvida-se o homem. Cuida-se da imersão no mistério sideral.

Tempos da exaltação da Astronáutica, em que o homem sonda o mistério do firmamento. E o mistério, esse mistério, segundo Pascal, traz uma “angústia muito grande” e mete medo. Porque muitas e diversas têm sido as conseqüências. Uma delas: tenta-se a aproximação das estrelas, enquanto se larga e se esquece da obra principal – o homem, que deve ser o “próximo”, que deve ser amado, na forma dos dois mandamentos: “amor a Deus e ao próximo”.

Mas o homem, nada obstante esta destinação divina, está cada vez mais solitário. Não a solidão mística que vivica, da qual esparge a luz que lembra, considera, anima e une, mas a solidão que esquece, robotiza, insignifica e torna a pessoa um “feixe de funções”, como sugere o humanista francês Gabriel Marcel.

Por isto é preciso, já e já, que se restabeleça o homem integral, fraterno, solidário, incluso. E neste sentido, ganharia mérito encetar-se um movimento como aquele que os maçons chamam de VITRIOL...

Pois o homem voltou ao paganismo, ao ser encantado pelo novo deus do Olimpo – o Tecnicismo. Potestade que, na origem, é um aceno a formas de viver mais dignas e humanas, mas que, na realidade, tem sido um pesadelo para a humanidade, porque o homem que o inventou, agora está se mostrando incapaz de domá-lo. Parece até a fábula de Midas, que desejava o poder de transformar em ouro tudo em que tocasse. E obteve tal poder. Resultado: a morte pela fome.

É preciso desmascarar isto; que nos unamos mais, muito mais. A dispersão, ilustres Irmãos, conduz ao nada. Inexoravelmente, conduz ao caos. Leva ao fim, sem dúvida. E é isto que as forças do obscurantismo, sempre indormidas, reservam para nós.

Seguem, estejamos certos, os conselhos de Maquiavel ao Príncipe. Para quem governar bem os agregados, consiste em dividi-los, porque divididos, por mais fortes que tenham sido, se tornam fracos. Daí recomenda-se como antídoto: sejamos tais como uma “cadeia de união” em que cada um é um elo entrelaçado, fortemente unido, que não desgarra por maior que seja o impacto.Pois como indagava Luther King: “se já aprendemos a nadar como os peixes; se já aprendemos a voar como as aves; por que não aprendemos a conviver como fraternos, como solidários, como IRMÃOS?”

Que nos tornemos bem “próximos”, para que possamos colaborar mais eficazmente com a felicidade do homem. Não esquecendo jamais de que “a união é como o orvalho do Hermon”, capaz até de fecundar o deserto sáfaro.

Que o Tratado de Amizade e de Mútuo Reconhecimento aqui celebrado, seja instrumento principal na consecução dos objetivos que ora abordamos. São os meus votos e do Grande Oriente Independente de Pernambuco.

Assim seja.

(Informabim 307 B)

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