quinta-feira, 5 de abril de 2012

INFORMABIM 305 A e B

APENAS VEREDA. NÃO É O CAMINHO

Irm Antônio do Carmo Ferreira


Surpresa agradável proporcionou-me a professora Andradina José de Oliveira, em recente visita que me fez, aqui, na sede da ABIM. Não só por sua presença física, ensejando-me o prazer de conhecê-la a partir daquele momento, mas também por sua apreciação a respeito do livro EDUCAÇÃO & MAÇONARIA que publiquei, o ano passado, através da Editora Maçônica A TROLHA Ltda.

Professora Andradina, 39 anos de idade, 13 anos de magistério no ensino público. Portanto possuidora de uma respeitável experiência no exercício da profissão. Disse-me ter ciência do papel filantrópico da maçonaria, especialmente na área do ensino, pois havia conhecido uma escola, pertencente à Instituição, que mantinha curso noturno de alfabetização de adultos, com vistas à erradicação do analfabetismo. E, agora, aumentara em muito sua admiração, ao tomar conhecimento do protesto dos maçons quanto à baixa qualificação em que se acha nossa educação pública, e, ao mesmo tempo, a ação dos mesmos em favor da aprovação do PNE, contendo este os ingredientes que na prática levam e elevam a educação ao nível de qualidade que o nosso progresso reclama.

Não pedi para gravar o depoimento da professora. E ela decerto não se negaria de autorizar. Nem gravei. Nem solicitei que ela me desse por escrito aquele depoimento. Era uma conversa, em princípio, para nós dois. Feliz pela visita. Alegre pelo elogio à maçonaria. (Eu adoro quem afaga a nossa Ordem e peço a Deus que perdoe os que não a compreendem). E infelizmente com amargor, quando falamos sobre o descaso com que a educação pública vem sendo tratada entre nós. Mas em sua despedida, lembrei a professora da passagem das sagradas escrituras de que “a candeia acesa não deve ser colocada debaixo da cama”, então ela, com sua humildade de mestra, autorizou-me a contar aos muitos essas notícias caso, no meu entendimento, as considerasse “a candeia acesa”.

Os professores, não demora muito, vão entrar em greve por vários dias. E por que se dará esse movimento paredista dos professores? Afirmam haver Estados e Municípios que se negam de pagar “o piso salarial do magistério” que é de R$1.451,94 mensais, conforme valor recentemente atualizado por lei. Eles irão lutar por isto dado que corre a notícia de que muitos deixarão de cumprir a lei sob a alegação de que não dispõem de recursos financeiros suficientes para tanto. Outra alegação para o não pagamento seria a lei de responsabilidade fiscal que estabelece teto para as despesas com pessoal.

Não dou muita crença a essas histórias. A educação, registra a Constituição Federal , é um direito de todos e um dever do Estado e da família. Então dói muito saber que os professores não irão comparecer ao trabalho, porque o Governo se nega a pagar um mínimo de salário de R$ 1.451,94 a quem trabalha 40 horas semanais e tem que investir em seu aperfeiçoamento e atualização, estando sempre de volta à escola! E os alunos? Quantos milhões deixarão de ter aulas? Não gosto dessa prática de greve. Temos que inventar é uma nova didática para cobrar os nossos direitos. Sabido que teremos de envolver toda a Sociedade, todas as Instituições, porque a Educação tem que ser prioridade. É papel de todos. É dever de todos. E educar-se não deverá ser privilégio apenas dos ricos. Deverá ser, isto sim, o passaporte de inclusão social de todos no usufruto do progresso.

Recordo que em 2010, no finzinho do ano, o Presidente da República enviou à Câmara dos Deputados projeto de lei sobre o Plano Nacional de Educação para vigência em dez anos a partir de 2011. O inteiro teor desse documento encontra-se em meu livro Educação & Maçonaria. Já estamos em 2012 e o PNE não andou. Ao contrário, encalhou nas gavetas de Brasília. Sinaliza-se numa de suas passagens que o Governo se compromete com 7% do PIB para dinamizar a educação pública. Os entendidos no assunto pedem 10%. Mas o PNE não se movimenta. Feito o “coelho” da modinha popular: “não sai”. Nem 7, nem 10, nem nada.

Cada vez se torna mais fácil entender a profecia de um Deputado Federal, durante palestra na Sala dos passos perdidos de uma Loja Maçônica de Pernambuco: “a educação pública precisa já e já de uma lei sobre responsabilidade educacional, em que se criminalizem os omissos e malfeitores”. Esse projeto está tramitando na Câmara dos Deputados. Talvez fosse melhor dizer: repousando. Também (completando a ironia) pra que pressa com educação, se analfabeto pode votar? Mas esses descaso e indiferença para com a educação pública podem até ser bons para alguns, porém ruins para os muitos. O fim da picada!. Uma vereda de horrível término; jamais um caminho.

(Informabim 305 B)

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