terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

INFORMABIM 302 A e B

Números do Analfabetismo: UMA TRISTEZA


Irm Antônio do Carmo Ferreira


A Maçonaria que tem em seu ideário o combate à ignorância, por ser esta a mãe de todos os vícios, dentre os quais e em destaque a corrupção, vem clamando pela erradicação do analfabetismo, balizando em 2017 a colimação desse esforço.

Disto fez ciente aos parlamentares que cuidam da conversão do PNE em lei, através de documento entregue pelo Presidente da COMAB ao Senador Sarney, resultante de decisão a que chegou o XVI Encontro Nacional da Cultura Maçônica, realizado em São Paulo, na sede da Grande Loja Maçônica daquele Estado, em abril de 2010.

O Sr Luiz Inácio Lula da Silva, na Presidência da República, alertado para essa miséria que grassava no País (e continua), querendo combatê-la, criou o EJA (educação para jovens e adultos) em 2003, era o Programa Brasil Alfabetizado, para que se abrissem turmas de educação para jovens e adultos em todos os municípios onde 25% ou mais da população ignorassem o alfabeto. Nada obstante a vontade governamental e certamente o esforço desprendido nesse sentido, estão aí 32 cidades com esse mundão de dezenas de milhões de jovens e adultos analfabetos.

Informações recentemente circulantes na mídia dão conta de que “A Bahia tem presença maciça na relação das 32 cidades brasileiras sem oferta do EJA, embora essas localidades apresentem índice de analfabetos igual ou maior que um quarto da população adulta. O pior indicador, entretanto, está no Rio Grande do Norte. A cidade de João Dias tem 38,9% dos moradores com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever. Da Região Norte, há três municípios situados em Tocantins. No Sudeste, cinco cidades de Minas Gerais figuram na lista.”(DP, 08.01.2012)

E por que não se erradica este mal tão perverso? Responde uma pessoa de Miravânia/MG, influente líder daquela localidade que trabalha em projetos vinculados ao tema: “Os adultos precisam de um incentivo a mais para estudar. Mas, nos lugares mais carentes, muitos projetos são travados por questões políticas. Para alguns políticos, é mais interessante que as pessoas continuem analfabetas para não haver liberdade de reivindicação do exercício da cidadania e dos seus direitos”.(DP, 08.01.2012 – Ivanir Barbosa de Oliva e Silva)

Desejo abrir espaço para registrar o exemplo de um projeto bem sucedido na área de alfabetização de jovens e adultos, levado a efeito pela Loja Maçônica Trabalho e Firmeza (GOIPE), na cidade de Gravatá, região agreste de Pernambuco. Essa Loja mantém um Colégio de Ensino Fundamental, manhã e tarde. A noite, suas salas de aulas são reservadas à alfabetização de jovens e adultos, em convênio com a Prefeitura Municipal, uma parceria que tem alcançado pleno êxito. Quer dizer: “Aprende-se, não na fantasia, mas lutando e pelejando” (Camões)

O MEC tem a coordenação nacional desse programa e transfere recursos para os Estados e Municípios implantarem as classes. Estabelecida a meta da erradicação do analfabetismo até 2017, teremos que envidar o esforço de colocar nas classes 3 milhões de pessoas por ano e alfabetizar esse contingente em igual período. Será uma luta sem trégua e de confronto, carente de uma Lei sobre a responsabilidade educacional, em que se criminalizem os omissos e os que causam empecilho. Neste sentido, vejamos o alerta do Dr Roberto Catelli, coordenador do Programa no âmbito do MEC: “Falta de interesse político, sem dúvida, é um problema generalizado dos governos locais na hora de promover a alfabetização e continuidade dos estudos de adultos”.(DP, 08.01.2012)

O poeta, em 1822, escreveu o hino, incluindo-lhe o verso enfático de que “já raiou a liberdade no horizonte do Brasil.” No horizonte ... Tomara que a liberdade erga-se de lá. Caminhe. Agora a passos largos e velozes. E chegue, antes do bicentenário da Independência, a esse contingente de nossos irmãos, desprovidos desta condição essencial para o exercício da cidadania – a alfabetização, como se fossem exilados dentro da Pátria.. Do contrário, os números do analfabetismo continuarão sendo uma vergonha e nossas tristezas.

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