quinta-feira, 16 de junho de 2011

INFORMABIM 287 A e B

“ISSO, ARNESTO, NUM SE FAZ!”

                  Irm Antônio do Carmo Ferreira

A partir do momento em que a notícia começou a circular, não pararam de me chegar telefonemas, bilhetinhos e e-mails. Tantos foram eles que já me causavam aborrecimentos. É que a mídia preenchia grandes espaços com a informação de que autoridades do setor educacional haviam autorizado o uso, nas escolas, de livros através dos quais eram ensinadas formas de concordância que destoavam das regras tradicionais.


Quero crer que essa procura por mim se devia ao fato de que, recentemente, publiquei o livro “Educação & Maçonaria”, revelando o desejo da Ordem Maçônica em ver o movimento educacional entre nós na mais alta consideração.


“Nós pega o peixe” era o tipo do ensino de que se reclamava, e que estava colocado à disposição de mais de meio milhão de estudantes em todo o País, por intermédio de livro da coleção Viver, Aprender. O descontentamento se tornava geral e até se indagava qual seria, com isto, a real intenção do governo, considerando que esse tipo de ensino não se presta para concurso, nem de acesso a emprego, nem de vestibular, resultando, como se torna óbvio, numa via para a exclusão social, sendo portanto um crime contra a juventude.


Tão perniciosos são vistos, por muitos, esses ensinamentos que a Defensoria Pública da União no Distrito Federal, numa sábia interpretação desse alarme da sociedade, entrou com ação na Justiça Federal, para que o livro “Por uma vida melhor” seja recolhido das escolas públicas em que foram distribuídos.(Jornal do Commercio, Recife, 31.05.2011)


Encontra-se em apreciação no Congresso Nacional projeto de lei, mediante o qual o Governo propõe o Plano Nacional de Educação – PNE, para uma vigência de 10 anos. É através desse dispositivo que se busca o estabelecer dos caminhos para a melhoria da qualidade de nossa educação, arrancando-a da situação de inferioridade em que se encontra perante as avaliações internacionais. P o i s
bem, é neste momento em que as instituições se empenham para que as esperanças se tornem realidade e esta nos ponha na trilha do progresso que surgem entraves e contradições assim.


Desejo lembrar que a Maçonaria tem lugar proeminente entre as instituições e sociedades engajadas neste esforço da melhoria da qualidade de nossa educação. Não somente que ela se torne um bem para todos e que em conseqüência diga-se adeus ao analfabetismo, mas também que se cuide da formação técnico-profissional do alunado e do respeito à dignidade de nossos mestres. Com este projeto, todos haverão de estar comprometidos; o governo, a família, a sociedade, a escola.


Digo até que deve ser inserto no PNE dispositivo que caracterize como crime a irresponsabilidade educacional e que o Ministério Público tenha acrescido em sua competência a função de denunciá-lo. Pois é preciso combater a ignorância, insistimos, porque ela “é a mãe de todos os vícios”. E uma das formas como a ignorância aparece é no “saber errado o que se deve saber certo”. Ou copiando o Correio Braziliense: “Oferecer como modelo um livro eivado de barbarismo é apostar na manutenção da ignorância”.


Agora, vem uma outra onda de desgosto, a de que o ministério da educação estaria distribuindo, nas escolas, livros que ensinam aritmética com erro de soma. Ensinam, para citar um exemplo, que a diferença 10 menos 7 é igual a 4. Falam que o ano passado foram distribuídos esses livros para quase um milhão e meio de matriculados em escolas rurais de todo o País. Em termos financeiros, são R$14 milhões saídos do bolso do contribuinte que deveriam ter um destino responsável e correto.


Eu nem sei se vou acreditar nessa notícia. Mas se essa informação procede, lógico que não terei dúvida em pedir licença a Adoniram Barbosa para dar o mesmo conselho com que ele advertiu aquele senhor do bairro paulistano do Brás: “Isso num se faz, Arnesto!”.
(Informabim 287 B)

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